Desde pequena procuro não ser peso para ninguém.

Ajudava no que podia nos trabalhos de casa.

Eram tempos difíceis aqueles, pois meu pai decidira,

Em outro ninho fazer morada.

Pela manhã ia eu à escola, e, à tarde, regava as hortaliças que mamãe plantava.

Também fazia meus canteiros de rabanetes, chicórias ou nabos.

E à tardinha, juntas eu e ela, íamos ao quintal colher tudo que amadurecia.

E deixar preparado para na manhã seguinte colocar no portão porque o Antônio, irmão do Kioco e do Massao, pegava e à feira levava.

Isso tudo sempre nos ajudava a comprar algumas coisas que nos faltavam, no armazém do seu Antônio, assim também ele se chamava.

Homem bom que sempre nos auxiliava.

Dele eu lembro sempre com muita gratidão, por seu bom coração.

E assim eu cresci plantando e colhendo,

Regando e limpando, alguma coisa sempre fazendo,

Para ser útil para a vida e não ser peso para ninguém.

31 de outubro de 1983.