Quantos dias e noites

Eu sabia que ela estava lá,

A espreitar todos os meus movimentos,

A seguir os meus passos.

Meu corpo quase desfalecia a tremer amedrontado

E o medo enchia minha alma.

Quantas vezes senti sua presença

E o seu hálito a me envolver bem de perto.

Talvez, com pena de mim, afastou-se

E eu, que a temia tanto,

Cheguei em certas circunstâncias a lhe desejar,

Como presença amiga para minha angústia acabar.

Sei que algum dia,

Frente a frente com ela terei de ficar,

Mas meu ser já não a teme,

Agora compreende e sabe que com ela daqui partirá

Pois ela nos acompanha desde o primeiro vagido

Até o último alento de vida conosco sempre está.

És tu, ó morte amiga,

Que nos faz desabrochar para a verdadeira vida,

Depois que esta terminar.

16 de novembro de 1983.