Há pessoas que a vida em tudo lhes parece sorrir,
Carinho, amparo, juventude, amizade, beleza, oportunidades, riquezas, tudo a seu dispor.
No entanto, são vazias, a rodopiar como inseto tonto sem rumo a seguir,
Correm daqui para ali, numa azafama interminável, sem nada construir.
Quando penso, que muitas vezes no meu apagado anonimato almejei ser como elas,
Tinha ansiedade também de doirado me vestir e ostentar com vaidade um luxuoso e inútil existir, me penaliza o coração,
Mas graças eu dou, de ter nascido humildemente e horas amargas ter digerido,
Pois assim me fortaleci, e sem perceber ganhei riqueza imensa, que em meu peito está guardada
E ninguém rouba e nem cobiça, porque não reluz para os olhos da carne.
Esse tesouro imenso com que fui aos poucos agraciada,
É a revelação das verdades da vida, que me fazem ser feliz,
Embora muitas vezes de meus olhos lágrimas caiam.
16 de outubro de 1985.